terça-feira, 13 de junho de 2017

Partilha

A partilha em dois filhos de idades diferentes é ensinada. É incentivada, é recompensada e quando começa a acontecer naturalmente é aplaudida. 
A partilha em gémeos é completamente inata. É um espetáculo ternurento assistir como dois pirralhos tão pequenos partilham chupetas, comida, colo, atenção, espaço... de forma tão natural e sem qualquer condicionamento.

quinta-feira, 9 de março de 2017

Dia da mulher

É gerir o medo do diagnóstico.
É gerir o choro, o desconforto e as birras do nosso bebé doente.
É gerir os exames, as picadelas e as avaliações.
É gerir as conversas com os médicos, a procura de informação e a gestão da mesma.
É gerir a relação com as enfermeira e as auxiliares, que mudam de 8/8h.
É gerir o cansaço de dormir no cadeirão velho e acordar inúmeras vezes por causa do nosso e dos outros.
É gerir a relação com as outras mães ansiosas.
É gerir o desespero de estar fechada naquelas paredes e das horas não passarem.
É gerir o dia a dia do outro bebé em casa.
É gerir a ansiedade da filha do meio que não gosta muito destas mudanças forçadas.
É gerir a limitação de só ver o marido nas mudanças de turno.
É gerir a casa e a arrumação e a lavagem da roupa.
É gerir as atividades da mais velha.

Esta gestão é totalmente partilhada com o meu marido mas, mesmo assim, os únicos dias em que me sinto uma super mulher são quando tenho um filho internado.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Casa nova

Andamos a ver sofás. Descobrimos que há dois tipos: os giros, modernos, chiques, desconfortáveis, e os grandes, feiozitos e super confortáveis. Denominamos os últimos de sofás novo-rico, apesar do preço não ser fator diferenciador. Pelo contrário, os primeiros são, em geral, mais caros. Escolhemos dentro dos segundos e agora muito nos rimos com o nosso sofá de novos-ricos.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

2016

2016 teve internamentos, catéteres, nebulizações, saturações e perfusões.
2016 teve meses num quarto com temperatura e humidade controlada.
2016 teve aprendizagem do que é uma família numerosa e as rotinas foram ficando mais fáceis.
2016 teve fins de ciclo dificílimos e retornos muito positivos.
2016 teve uma rede de apoio imprescindível, com os de sempre e a nossa Santa Ana.
2016 mostrou que a minha vida é o equilíbrio perfeito e surpreendente entre o que me foi acontecendo e o resultado de decisões difíceis e corajosas. Sem medo das consequências.
2016 teve crises de choro por exaustão. Teve muitas rotinas familiares e poucas saídas de adultos.
2016 teve a tranquila conclusão que se o meu casamento passou por este ano com harmonia, sentido de humor e muito amor, é porque é mesmo para sempre.
2016 teve mimo, birras, brincadeiras, zangas, proteção e mais mimo vezes quatro. Verdadeiras bebedeiras de afeto.
2016 foi, sem dúvida, o ano mais difícil da minha vida. O mais curto e o mais longo. E também o melhor.