sábado, 15 de junho de 2013

A mim, Zinha

Este cantinho anda um bocado abandonado. Não me tem apetecido escrever, mas, inspirada num texto lindo daqui http://tomorrowillbethere.blogspot.pt/, vou também escrever.... a mim, criança:
Eras uma menina do papá, que te chamava "minha jóia" e te fazia as vontades todas, uma menina ainda tímida mas sem preocupações, que brincava com as rendas da mãe, cantava e dançava, brincava às barbies, e vestia as roupas da mãe. A mãe furacão, lutadora, que de vez em quando levava tudo à frente, mas que te deixava ir para a cama dela, que tratava de tudo, de todos e que era carinhosa. Aos Domingos ias à casa da avó Almecinda comer assados, arroz e saladas de fruta, com sabores tão extraordinários que ainda hoje recordas. Prepara-te Isabel, Zinha, prepara-te que vem aí tempestade, anos de tempestade. É que, sabes, mães furacão não aceitam doenças mortais com benevolência, mães furacão simplesmente não aceitam. Revoltam-se e amargam. Porque é injusto. Porque quando mudam para uma casa de sonho, quando a vida sorri, vem uma tempestade devastadora. A tua vida vai continuar, vais ter um grupo de amigas valioso que te vai acompanhar pela vida, vais a acampamentos, viagens, sempre com boas notas na escola. Vais conhecer a Europa toda e vais continuar menina do papá, que te vai continuar a fazer as vontades todas. Vais viver no Porto e encontrar um maridão lindo e ter duas filhas maravilhosas. O teu irmão vai fazer sempre parte da tua vida, sempre família. Mas a tua mãe furacão vai travar uma guerra injusta, com muitas batalhas dolorosas, uma guerra lenta e inglória que vai perder, sem nunca a aceitar. E 13 anos não é uma idade bonita para se ver a mãe a não aceitar a luta da sua vida. É uma idade cruel para uma menina ver a mãe revoltada a lutar contra o monstro cancro, esse monstro injusto e mortal. Por isso força aí Isabel que és Mariana, que a vida é feita de lutas...

Sem comentários:

Enviar um comentário