quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Aos 30 começa-se a ter menos paciência. E a desenvolver certas alergias. As minhas são a crise e "o antigamente". Já não posso ouvir falar em crise. Não é por não perceber a sua importância e relevância. É porque a crise é 1 grande tsunami que inunda, há anos e anos, as conversas, os telejornais e todas as cabeças. E torna as pessoas ressabiadas e pequeninas. Vejo mais frases estúpidas sobre os gastos dos deputados, do que discussões sérias sobre a crise. As pessoas gastam muita energia a recomendar renault clios aos deputados e a fazer as contas ao bufete da assembleia. Mas alguém acredita que isto é minimamente relevante? Ou acham que o corte na despesa é nos cafés dos deputados? Tem que haver transparência e honestidade em todas as classes, e cada vez mais um pensamento custo benefício, mas porque que é que isto só é relevante para os deputados. Porque é que quando é um primo que arranjou um tacho qualquer, de preferência público, isso é louvável, e quanto mais roubar mais espertalhão é?
A outra alergia é à conversa "do antigamente". Sempre que alguém, principalmente da minha idade, me vem com a conversa do antigamente é que era, juro que me imagino uma inspector gadget, com um grande punho extensível que me salta da cabeça e dá uma grande murraça. Antigamente é que era bom, eramos todos felizes, respeitadores, ricos em sonhos e pobres em ouro, como dizia a outra. Antigamente não havia crianças mal educadas, velhos mal tratados, não havia fome, frio, a comida sabia melhor, viamos todos o dartacão e era muito lindo. A única pessoa que não me dá urticária com esta conversa é o meu avô, mas tem a idade que tem, foi polícia, viu muita coisa terrível, e, mesmo assim, depois do discurso do passado dá 1 nota a qualquer desgraçadinho que vai lá a casa pedir uma moeda. Agora esta conversa  que antigamente é que as criança eram educadas, não gritavam, não corriam e eram muito obedientes, é demonizar o presente e o futuro, é passar a mensagem que o passado é que foi bom, e que nunca seremos felizes como antes. O que para mim é simplesmente estúpido.  

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